sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Regressão

A vida é engraçada, não se trata de evolução linear.

Praticamente toda pessoa que vive adquire uma biblioteca de conhecimentos em sua cabeça. Por ano, várias bibliotecas se perdem com a morte das pessoas e vários conhecimentos específicos se perdem.

Mas enfim, nem tudo que se aprende é pra sempre. Certas lições importantes são apagadas com o tempo. Esquecemos, desaprendemos. Não é necessariamente um defeito. Às vezes precisamos desaprender certas coisas para aprender outras.

A impressão que tenho é que estive regredindo em alguns aspectos nos últimos 1~2 anos. Me tornei uma pessoa mais orgulhosa, impaciente, rancorosa, descontrolada, indisciplinada, obsessiva e desaprendi lições valiosas. Passei por coisas e reagi de maneira totalmente inesperada, de uma forma que nunca me imaginaria fazendo. Não consegui me reconhecer nas minhas próprias atitudes e perdi o controle em alguns instantes.

Agora, com a mente mais tranquila, eu consigo ver as coisas mais claramente. Coloco aqui, como exemplo, dois vídeos que me ajudaram a me enxergar novamente. São vídeos que vi há alguns anos, mas que recentemente tive que rever para relembrar.

https://www.youtube.com/watch?v=3VpM5EgNuCY
https://www.youtube.com/watch?v=OWYovDRt8tI&feature=youtu.be&t=336 (possui legendas, basta ativar)

Nesse período recente da minha vida, desaprendi a me observar. Desaprendi a olhar para dentro, focar na forma como vejo o mundo e reajo diante dos acontecimentos. Passei a voltar meu olhar para fora. Ao nos observar, conseguimos perceber nossos defeitos e criar auto-controle quando sentimos que algo vai mal.

Outra lição a relembrar: "shikata ga nai". "Shikata ga nai" é uma frase em japonês que significa algo como "não há nada que pode ser feito". De certa forma, na opinião de alguns, reflete o aspecto da cultura japonesa de aceitação e submissão. Mas há sabedoria nessa frase. Há coisas no mundo que não podemos controlar e sobre as quais nada podemos fazer. De que adiantaria se frustrar então? O que não se pode mudar, aceita-se. Por momentos, esqueci dessa lição de aceitação. Isso se aplica em particular ao passado. "O que acontece é real. O que você pensa que deveria ter acontecido não é". Simples assim.

Uma outra questão relacionada à aceitação, porém, mais específica, trata-se de aceitar as pessoas. Achei que o mundo me devia alguma coisa e fiquei esperando por certos comportamentos das pessoas. Mas, não, o mundo não me deve nada e eu não posso cobrar das pessoas mais do que elas podem me dar. Todos tem suas limitações e reconhecer isso, às vezes, é difícil. Sempre esperamos que as pessoas vão agir da mesma forma como agimos com elas, mas isso é ilusão. Sempre cobramos das pessoas o que cobramos de nós mesmos, como se fôssemos padrões de como o ser humano deveria ser ou agir.

A última coisa: felicidade vem de dentro. Não há ninguém no mundo que pode me fazer feliz que não seja eu mesmo. Se eu não estou bem, então nada ficará bem também. Por isso a forma como eu me vejo e como eu vejo o mundo é tão importante. Por isso é tão importante olhar mais para dentro e esperar menos do mundo. O modo como você conta uma história e o modo como você reage diante de uma situação diz mais sobre você mesmo do que sobre o contexto em si. É necessário mudar.

Dizem que em alguns casos é importante dar um passo para trás para dar dois para frente. Normalmente não acredito em clichês ou fórmulas prontas. Estou dando meu primeiro passo agora. Já começo a me sentir uma pessoa mais tranquila e equilibrada. Veremos se haverá um segundo.

Um comentário:

Pocket disse...

Acho que as vezes é necessário esquecermos algo para lembrarmos da importância daquilo. Talvez isso fortaleça a mente e o pensamento para que o mesmo aprendizado não caia no limbo novamente, já que agora está com o devido peso fixado em nós. '-'