sábado, 15 de agosto de 2020

Desconforto e narrativas

Acredito que, na vida, quem vive bem é quem sabe lidar bem e gerenciar os próprios desconfortos.

Primeiramente, o que quero dizer com desconforto? A ideia aqui é utilizar a palavra desconforto em um sentido mais amplo. Há desconfortos que eu chamaria de físicos, como dor, calor, frio, fome, sono. E desconfortos que eu chamaria de psicológicos/emocionais, como tristeza, raiva, saudade, solidão, ansiedade.

Viver, por si só, equivale a sentir desconfortos. Falando sobre isso com minha psicóloga, ela levantou a idéia de que os desconfortos estão relacionados às nossas necessidades.

Lidar bem com os nossos desconfortos estaria relacionado a como lidamos com as nossas necessidades. O grande problema é que, muitas vezes, temos necessidades conflitantes. Assim como temos necessidade de descansar quando estamos com sono, temos necessidade de preparar comida e nos alimentar quando estamos com fome. Mas e sentimos os dois?

Já em um nível de abstração maior, minha namorada, a Carol, disse que a ferramenta que usamos para lidar com os desconfortos é a narrativa. As narrativas que criamos diante das nossas necessidades e desconfortos permitem que lidemos com elas de maneira positiva ou negativa. E eu concordo.

Por exemplo, se alguém nos promete alguma coisa e não cumpre, podemos adotar a narrativa de que a pessoa falhou e, portanto, a raiva que sentimos em relação a ela é legítima. Ou podemos adotar a narrativa de que ela teve algum problema e não conseguiu ou que já deveríamos esperar isso das pessoas porque elas são falhas. O sentimento de frustração talvez seja o mesmo, mas a forma como lidamos com ele através da narrativa muda.

Isso implica que as narrativas que criamos teriam muito mais importância sobre nossas vidas do que a maioria das pessoas entende ou consegue perceber. Por isso, é interessante que prestemos mais atenção nas narrativas que criamos. Isso permitiria que tomássemos mais controle sobre elas, sobre a forma como nos sentimos, sobre nossas vidas e, por consequência, que vivêssemos melhor.

Memento mori... Só que não

Há algumas semanas atrás, me peguei tendo uma saudade grande da minha mãe que gerou uma reflexão. A morte da minha mãe, pra mim, não fez muito sentido por alguns motivos. Primeiro, porque era uma morte que, ainda hoje, eu acho que poderia ter sido evitada. Segundo, porque eu acho que ela não queria ter morrido. E, terceiro, porque a vida dela fazia sentido pra mim.

A morte dela não fez sentido, mas a vida dela fazia. Isso me gerou alguns questionamentos.

Na filosofia, há uma frase famosa, enunciada como "memento mori", da qual uma tradução possível seria "lembre-se de que você vai morrer". E por que isso é importante?

Para quem é adepto dessa filosofia, lembrar-se da inevitabilidade da morte nos faria dar menos importância a coisas superficiais e passageiras, como o orgulho e a vaidade. Lembrar-se da morte nos faria dar mais valor às coisas verdadeiramente importantes.

Por exemplo:

"Briguei com as pessoas que eu gosto por conta de coisas não muito importantes. Não vou ser orgulhoso, vou pedir desculpas, pois pode ser que eu morra amanhã ou depois e não quero perder tempo de vida brigado por coisas pequenas."

Ou...

"Posso morrer amanhã ou depois, logo, vou fazer o meu melhor para deixar algo pra minha família que lhes possa ajudar ou dar um sustento."

Contudo, discordo desse pensamento. Não acho que a morte é que deve dar sentido à vida. Já há algum tempo, eu acho que a vida deve valer por ela mesma. A morte é, justamente, o que tira o valor da vida.

A morte é o fim último da vida, é o que acaba com a existência em um determinado sentido. Assim como eu acho que o valor da vida está na vida, acredito que o valor das coisas está no caminho e não nos fins. Os fins só servem como objetivos ou passagens intermediárias em um contexto maior de contiuidade.

Você normalmente só se preocupa em ir trabalhar e receber um salário pois acredita que vai continuar vivo mês que vem e que terá que pagar as contas e alimentação. A consciência dessa continuidade é que dá sentido à sua atitude de trabalhar por dinheiro.

Quase todas as metas que se colocam na vida são em favor do caminho em si ou da continuidade. Você normalmente só planeja em se formar na faculdade porque acredita que isso vai ser importante para sua vida depois ou pelo conhecimento adquirido em si. Não pelo próprio objetivo de se formar. E, mesmo que fosse pelo simples objetivo de se formar, a sua vida não acabaria ali. Sua vida não perderia sentido porque outros objetivos viriam e continuariam dando sentido à vida. A continuidade dá o sentido. Se, depois que se formasse, sua vida não tivesse mais sentido, não foi o objetivo de se formar que deu sentido à sua vida. Foi o objetivo de se formar que o tirou. Pois o fim tira o sentido da coisa e sua existência.

Se você tivesse a certeza que iria morrer daqui a um mês, não teria sentido entrar em uma faculdade agora, exceto se for algo que você goste de estudar, se for uma experiência que você queira ter ou tiver algo que queira aprender nesse último mês. Reitero, é o valor das coisas e da vida estão nelas mesmas.

Assim como só vale à pena construir patrimônio e deixar herança pela atividade em si ou para deixar como um legado importante. Só vale à pena escrever um livro pelo prazer ou aprendizado de escrever em si ou pra deixar para a posteridade, para a continuidade.

Diante do fim, diante da presença da morte, para as pessoas que não tem visão de continuidade, as coisas deixam de fazer sentido. Na proximidade da morte, aquilo que não faria sentido na vida "normal" pode passar a ser cogitado. Entram aqueles questionamentos do tipo "se você fosse morrer em um mês, o que faria? Assaltaria um banco? Andaria pelado na rua? Abandonaria o emprego e iria mergulhar com tubarões?". Na presença da morte, tudo é justificável e nada faz sentido.

Claro a sabedoria e o conhecimento que as coisas se acabam é importante. Mas não é isso que dá valor às coisas. Quando alguma coisa se vai, é a memória e o que fica dela que é importante.

Com base nessas reflexões, como devemos encarar a vida?

A vida deve ser encarada como se não fosse ter fim, com a consciência de que suas ações tem consequências. Se você morre, fica o que você deixou. As coisas continuam. Inclusive se você briga com quem você tem apreço. Isso tem consequências e continuidade, e isso importa. E, por isso, valeria à pena abrir mão da vaidade e do orgulho e não porque você vai morrer em algum momento. Porque, se pensamos que tudo, inclusive o universo, vai ter fim um dia, então qual seria o sentido das coisas? Logo, por mais que, racionalmente, saibamos que o fim existe, que vivamos como se não soubessemos, mas, repito, com a consciência de que as coisas tem consequências e de que as consequências importam.

PS:  Escrevi este texto como forma de provocação. Se as coisas fossem realmente infinitas e não acabassem, elas também não fariam sentido. A solução? Abraçar o niilismo.

Sobre empresas e barcos

Eu gosto da metáfora de que empresas são como barcos numa competição. O objetivo da competição não é exatamente chegar a um lugar específico, mas ser o barco que está à frente na corrida, o barco mais rápido.

E no que isso implica?

Quando você é contratado pela empresa, você entra no barco e passa remar junto com os outros pra tentar fazer o barco navegar mais rápido. No barco, você ganha sua alimentação e seu sustento, mas tem que dedicar boa parte do seu dia e da sua vida remando.

Se o barco começa a ficar pra trás na competição e perde velocidade, a probabilidade de que ele afunde é maior.

Ninguém no barco quer que ele afunde, porque isso significaria ficar sem sustento. Em especial, os chefes e capitães do barco, porque se tiverem que ingressar em outro barco, é possível que tenham que voltar a remar e não apenas dar as ordens para os outros remarem. Além disso, os chefes e capitães são os que ganham a maior parte das bonificações dos integrantes do barco.

Para o que remam, em geral, é melhor ser integrante do barco e ter que remar (pois isso significa que haverá comida e sustento) do que não participar da corrida e ficar sem nada. Por isso, em muitos casos, eles estariam dispostos a aceitar condições em que teriam que remar muitas horas e ganhando pouca comida, face à alternativa de não ter nada. Além disso, quando o barco vai bem, muitos dos que remam sentem orgulho do barco, pois vêem o desempenho do mesmo como reflexo das suas remadas.

Por isso, as pessoas vão querer defender o próprio barco com afinco e seriam capazes de abrir mão de muita coisa pelo barco (mesmo que as condições de quem rema no barco não sejam as melhores). Se o barco afunda, não é o barco que perde. É todo mundo que tá nele. As pessoas se tornam dependentes do barco.

E quais as regras da competição?

Bom, isso varia de lugar pra lugar. Geralmente, as regras para os barcos consideram que deve haver um limite máximo de tempo por dia que os integrantes do barco podem ficar remando e deve haver um limite mínimo de comida e sustento que o integrante de barco deve ganhar.

Se não há essas regras?

Aí depende... Se tiver muito barco e as pessoas puderem escolher com facilidade em quais barcos elas querem entrar, não é tão problemático para as pessoas. No entanto, geralmente, as vagas nos barcos são limitadas e bem disputadas. E se você já não estiver em um barco e não tiver qualificação de chefe ou capitão, as chances de você ficar de fora da corrida são grandes.

Se a dificuldade de conseguir vaga em um barco é grande, você está mais sujeito a aceitar condições piores de remada e vai ter mais medo que o barco afunde.

Se as regras não existem, é bem possível que, na condição em que há poucos barcos, as horas de remadas sejam altas e a alimentação seja parca. Afinal de contas, é uma competição. O barco cujos integrantes remam mais tempo e que dá menos sustento per capita a eles (logo, é capaz ter ter mais gente remando por quantidade de comida) consegue ir mais rápido. Os que ficam pra trás correm risco de afundar. Logo, nesse contexto, haveria um incentivo para manter os integrantes remando mais tempo com menos comida.

E se os integrantes estiverem insatisfeitos com as condições no barco?

Eles podem tentar achar outro barco, se puderem, em busca de condições melhores. Os problemas são que nem sempre é fácil conseguir vagas em barcos e que os diferentes barcos acabam oferecendo condições similares a seus remadores (pois eles estão em uma competição).

Uma nota pra quem é a favor da liberdade: "liberdade de escolha" entre passar fome e ser semi-escravo não é liberdade, visto que muita gente acaba se vendo sem alternativas de buscar condições melhores.

Por isso, é importante sim que a associação de barcos ou o organizador da competição institua as regras. Caso contrário, quase tudo é válido.

Vontando ao mundo real...

Pode-se questionar que a tecnologia tem dado mais produtividade às empresas e que a maior parte do trabalho tem sido automatizada, portanto, não haveria tanto incentivo para a exploração do trabalho das pessoas. No entanto, na metáfora dos bacros, os recursos gastos com a alimentação das pessoas poderia servir também para representar os recursos gastos com a tecnologia. Mais dinheiro que se usa para pagar funcionários das empresas significa menos dinheiro pra investir em tecnologia e produtividade, logo, o incentivo de manter baixo o sustento dado aos remadores permanece.

Sobre a competição...

Por que ela existe? E se não existisse? Deveria haver regras diferentes? Tudo isso há de se questionar, mas não sou eu que vai responder. Estou apenas descrevendo uma competição de barcos.

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Sobre a beleza

"É melhor ser belo do que ser feio."

Ultimamente tenho pensado sobre a beleza. Independente do que consideramos belo ou feio como cultura e sociedade, se você pudesse escolher entre ser considerado belo ou feio, o que você escolheria?

Naturalmente, é melhor ser bonito do que feio. Mas por quê? O que significa ser belo e o que isso implica? Qual seria a relação disso com a objetificação de pessoas?

Bom, primeiramente, as regras pelas quais definimos o que é bonito e o que é feio é uma disputa política. Não no sentido mais comum, de congressos e parlamentos, mas num sentido mais amplo. Há várias pessoas que literalmente  se esforçam para serem consideradas bonitas (como atrizes, atores e modelos). E há pessoas que validam sua beleza (geralmente pessoas em relação de poder, como o responsáveis pelo casting de filmes e comerciais, e diretores). Essas pessoas, em conjunto, definem os padrões estéticos da sociedade.

Uma vez definidos esses padrões estéticos, outros buscarão se encaixar nesse mesmo padrão. Se na China, em algum período, foi definido que mulheres com pés pequenos eram atraentes, fez com que as mulheres (possivelmente coercitivamente) buscassem, até mesmo por técnicas torturantes, ter pés pequenos. Ou como as mulheres que utilizavam anéis ao redor do pescoço para ficar mais comprido.

Hoje em dia, há mulheres que se deixam objetificar em quase qualquer lugar da internet e do mundo. Mas o que justifica que essas mulheres, por vontade própria, postem fotos seminuas (ou nuas) que permitem a objetificação o próprio corpo?

Acho que, para procurar uma resposta, é interessante olhar para a dialética mestre-escravo de Hegel, presente na Fenomenologia do espírito, e fazer uma analogia. "A passagem descreve o desenvolvimento da autoconsciência como se fosse o resultado de um encontro entre dois seres distintos e também autoconscientes".

Uma pequena digressão:
O que não sou eu é o outro. O outro, que é diferente, que faz com que eu crie uma autoconsciência (Se o outro fosse igual a mim, só existiria o "eu"). Daí surge um embate, porque eu quero mais de mim mesmo no mundo, eu quero mais de mim mesmo inclusive no outro. Eu não gosto do que é diferente, porque o outro me diminui. A presença do outro faz com que haja menos de mim mesmo no mundo. Eu quero que o outro seja como eu. Mas, no momento em que o outro se submete e se torna como eu, a minha autoconsciência fracassa. E o outro, que se submete e se deixa dominar, também passa a ter poder sobre mim. O mestre, que não trabalha (e, muitas vezes, nem sabe realizar o trabalho), depende do escravo para lhe dar o sustento. A minha existência passa, então, a depender da existência do outro.

Logo, se eu projeto meus gostos e preferências estéticas sobre o outro (projetando o meu "eu" sobre ele) e ele corresponde a essa espectativa, ele não está apenas se submetendo, mas também obtendo poder sobre mim.

As mulheres que buscam a beleza por meio de posições objetificantes buscam, também, o poder sobre o olhar do outro que, muitas vezes, acaba se revertendo para outros tipos de poderes (simbólico, econômico, financeiro).

Outras questões surgem: se os padrões estéticos não fossem os atuais, quais seriam? E, caso fossem realmente diferentes, o que mudaria?

Bom, os padrões estéticos são definidos em uma disputa política de poder. Logo, posições de poder geralmente possuem prerrogativa e possibilidade de definir o que é belo culturamente e em uma sociedade. Se as posições de poder se alternassem e, por exemplo, mais mulheres as ocupassem, a opressão e objetificação do corpo feminino acabaria? Muito possivelmente diminuísse, mas não acabaria. Porque a beleza não só é definida pelos que tem poder. A própria beleza é poder. Logo, qualquer que fosse o padrão estético, as pessoas continuariam buscando-o, mesmo que fossem objetificadas no processo.

Não há como abolir padrões estéticos visto que o ser humano, por natureza, categoriza e separa as coisas (entre belo e feio, forte fraco, bom e mau, etc). E, como beleza é um valor puramente visual, muitas vezes desconectado de qualquer outro valor, a busca pela beleza continuaria objetificante. Mas, ainda assim, seria melhor ser belo do que ser feio.

Os "feios" sempre continuarão relegados à rejeição social. Contudo, claro, podemos, como sociedade, dar mais importância a outros valores que não simplesmente o capital estético das pessoas. Só me parece improvável porque assim como julgamos a estética das coisas (ambientes, decorações, roupas e até video-games. Hoje em dia tudo tem design envolvido), julgamos a estética das pessoas. Nós não conseguiríamos ter um olhar que julga a beleza dos objetos e do mundo que nos cercam, mas que é cego para a beleza das pessoas e não as julga (e nem as objetifica).

sábado, 25 de abril de 2020

Ressignificando a morte e a vida

A morte de um ente querido faz com que a gente reavalie muita coisa em nossas vidas. Sim, é clichê, mas eu explico.

Minha mãe morreu há dois dias. Antes dela, eu nunca tive que lidar com a morte de ninguém próximo. Depois da morte dela, a impressão que me passou, é que eu estava vivendo uma versão light da realidade. Uma vida de confortos nas quais minhas preocupações eram pequenas. A impressão é de que a vida dos nossos antepassados, que tinham que lidar de maneira mais próxima com doenças e mortes era bem mais "real". Hoje parece que muitos vivemos alienados das dificuldades da vida.

Mas a questão da morte da minha mãe me foi particularmente dolorosa em dois sentidos. Primeiro, por melhor ou pior que tenham sido as coisas, a gente sempre imagina como seriam se a gente tivesse feito as coisas de um jeito diferente. Nos últimos tempos, eu passei bastante tempo com minha mãe e eu tentei dar o máximo de atenção possível pra ela. Isso deixa a minha consciência mais tranquila, mas ainda assim me sinto culpado porque fica a impressão de que eu poderia ter feito mais, de que eu poderia ter feito melhor.

A segunda coisa muito dolorosa é que é muito triste você imaginar que a pessoa não vai mais estar lá. Você queria fazer coisas com ela e você queria que algumas coisas melhorassem, e você não teve oportunidade para isso. Eu queria que minha mãe tivesse melhorado de uma condição médica que ela tinha antes de falecer. Eu queria que minha mãe conhecesse os futuros netos dela. E eu queria que minha mãe me visse sendo bem sucedido. Que ela visse que todo o esforço que ela empenhou para me criar e me educar tinham valido à pena. Isso não vai mais ser possível.

Minha tia me falou ao telefone que a gente sempre quer que a pessoa continue viva, muitas vezes, independente da pessoa estar sofrendo ou não. É verdade. A gente tem um sentimento egoísta. A gente não quer viver sem as pessoas que a gente ama. Eu acredito que minhã mãe ainda queria continuar viva. Acredito que ela ainda queria viver, apesar de haver coisas na vida dela que a causavam sofrimento. E, apesar de eu saber que talvez tenha sido melhor pra ela que não tenha mais que sofrer, nem se preocupar com nada, isso não deixa de ser doloroso. Eu só queria que ela estivesse viva mesmo.

Por fim, na vida, eu já tomei várias decisões que não foram as melhores. Acho que se tivesse tomado algumas dessas decisões "melhores", eu teria mais dinheiro e estaria melhor de vida no momento. Mas várias decisões que tomei na vida e das quais não me arrependo foram passar tempo com as pessoas que eu gosto e me dedicar a elas. Percebo isso muito forte agora, com a morte da minha mãe, que isso foi a única coisa que importou de verdade. A única coisa que continua importando. E reforçou em mim esse sentimento de que estou tomando as decisões corretas na minha vida quando valorizo as pessoas que eu amo e o tempo que passo com elas. Acho que é dessa forma que a morte pode ressignificar a vida, nos mostrando o que realmente importa e aquilo que devemos valorizar de verdade.

quinta-feira, 23 de abril de 2020

Hoje eu descobri que é mais difícil fazer suco de melancia com lágrimas nos olhos

Hoje minha mãe faleceu.

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Masquerade

É a máscara que expõe minhas contradições
Cauteloso, hesitante, conturbado,
Prossigo a passos lentos

Mentira

Me jogo
Me jogo para tentar sentir algo diferente
Me jogo para tentar me sentir vivo
Mas, no fundo, é tudo igual
No fundo, como na caixa de pandora, encontro apenas uma coisa

quinta-feira, 24 de maio de 2018

31 anos

"Tenho medo do futuro
Tenho medo dos meus pais não viverem o bastante para verem meus filhos
Tenho medo que meus show será um fracasso
Tenho medo que minha namorada não fique grávida no exato momento que queremos
Tenho medo que eu nunca vou atingir meu potencial verdadeiro
Tenho medo que ela ainda ame aquele cara"

Não fui eu quem escreveu o bilhete e a letra não é minha, é de uma pessoa famosa. Não representa exatamente o que eu penso ou sinto no momento mas, quando foi postado no Instagram, muitos disseram que estava depressivo ou que era suicida.

Semana passada fiz 31 anos. Procurei comemorar cada dia pelo menos um pouco, do meu jeito, por uma semana. Minha vida não é perfeita, nem do jeito que eu gostaria exatamente. E também tenho medo de coisas no futuro. Ainda assim, tá tudo bem, porque a vida é assim.

Quando a gente posta qualquer tipo de coisa, coisas boas ou ruins, pessoas julgam, sentem vergonha alheia, inveja, o que seja. Sempre há quem julgue. Pra quem é famoso, como o autor do bilhete, deve ser ainda pior. Porque pessoas famosas, teoricamente, tem vidas boas e maravilhosas. Porém, mesmo elas tem problemas e inseguranças. Todo mundo tem.

Não tô aqui pra dar lição de moral ou dizer que as pessoas são hipócritas. E não quero criticar o ambiente das redes sociais, porque isso já é clichê. Só queria dizer que, assim como há pessoas que julgam, se você tá mal ou com algum problema, sempre tem pessoas para escutar e ajudar. E, de vez em quando, a gente precisa sim ouvir coisas boas, um apoio moral ou ser ajudado. Então, sei lá, só queria deixar uma mensagem positiva aqui. Aproveite a vida, busque coisas boas, seja feliz.

Por fim, fiquei sabendo por acaso de um PM chamado Rayrisson, foi atacado e ficou cadeirante, e resolvi ajudar. Não conheço ele pessoalmente, mas o link da vakinha dele é:
https://www.vakinha.com.br/vaquinha/adaptando-se-a-uma-nova-vida
Se não puder ou não quiser ajudar ele, tem outras pessoas que precisam da sua ajuda também e acho que não custa muito fazer algo assim pelo menos de vez em quando.

domingo, 11 de março de 2018

Meditação e aceitação

Há algum tempo eu era obcecado com a ideia de aceitação. E, de certa forma, é o que todo mundo diz.
"Aceite mais o seu corpo."
"Não dá pra mudar o passado, resta aceitar."
"O que não se controla, aceita-se."
"As pessoas são imperfeitas, tem defeitos. As pessoas erram. Cabe a nós aceitá-las como são."

Acho que eu realmente acreditava nesse tipo de coisa. Mas, sabe, aceitação é como aquele remédio ruim que você toma. Você toma porque acredita que ele vai te fazer melhor, mas a experiência não é agradável e deixa um gosto amargo na boca.

Ultimamente tenho criado o hábito de meditar. Tenho meditado todos os dias ou quase. E tem sido muito interessante. Meditar não significa não pensar em nada. Meditar não significa controlar seus pensamentos. Pensamentos vêm e vão e, na maioria das vezes, sem o nosso controle. Meditar te ensina a deixar os pensamentos fluírem de uma forma mais livre. Te ensina a não necessariamente ter uma resposta emocional quando os pensamentos vem, nem positiva e nem negativa. Te ensina a dissociar pensamento de sentimento e criar mais equilíbrio. Te ensina a julgar menos aquilo que vem à cabeça.

Voltando à questão da aceitação. O fato de aceitar nos coloca em uma posição julgadora.
"Eu julguei a situação passada como ruim. Estou tentando aceitá-la."
Aceitar o que é bom é fácil, é automático. Quando se fala em aceitar, refere-se às coisas ruins. E, por mais que se aceite, o gosto amargo no fundo da boca permanece. E, nisso, a meditação pode ajudar. A meditação ajuda a te tirar dessa posição julgadora, de ficar avaliando coisas como boas ou ruins. E isso te liberta.

Por fim, quando julgamos algo, nos colocamos na posição de juiz. Julgando alguma coisa como ruim e dizendo "eu aceito isso", nos colocamos acima do mundo. Nos colocamos como centro do universo. Colocamos nosso valores como superiores. Alimentamos nosso ego. Alimentamos nosso viés e nossos preconceitos.

sábado, 10 de março de 2018

O problema da paixão

Paixão... Paixão é aquilo que foge do racional. Paixão é aquilo que acontece quando nossos olhos brilham por alguém. É quando vemos o extraordinário no ordinário. É quando o coração bate mais rápido e mais forte. É quando enxergamos beleza naquilo que é comum.

Mas tem uma coisa engraçada sobre a paixão. Muita gente já deve ter passado por uma situação dessas... Sabe quando você conhece alguém e você pensa: "Nossa, essa pessoa super combina comigo, a gente daria super certo juntos. Ela é uma companhia agradável e gosto dela, mas acontece que não me apaixonei por ela"? Ou, às vezes, você conhece uma pessoa que não tem nada a ver contigo e, mesmo assim, você se apaixona por essa pessoa, sabendo que dará errado.

A paixão parece algo quase mágico. Coisa que viola o nosso livre-arbítrio de escolher por quem a gente deveria ou quer se apaixonar e com quem se relacionar. É uma coisa meio impositiva que recai sobre a gente. A razão manda uma coisa, a paixão quer outra.

Mas, afinal de contas, o que faz despertar nossa paixão? Até que ponto temos o poder e o direito de escolher por quem nos apaixonamos?